quinta-feira, março 20, 2008

Pensamentos

.. Terrace - by Van Gogh

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Sinto-me tão fora de mim, tão sem arte, tão sem partes. As exigências alheias fazem contorno às ilusões materiais, mas quem eles querem que eu seja? Será que me conhecem? Aposto que não, o que eles, elas querem? Elas querem que me cuide cuidando delas, dando orgulho pelo que não quero ser, ao que a ilusão de algo que enriqueça de trabalho, mas o que elas não vêem, oh que infortuno o meu, elas não vêem que não me enriqueço por dentro. É tudo discriminação, hipocrisia, exigir que alguém seja em dias, mas que em madrugadas o coração canta alto, e revela a natureza, e não materialidades, o que pode ser para o futuro em termos materiais não é o futuro para mim, minha pessoa, eu.

Tortura! Ver o que a pessoa não é e esperar que ela goste de vê-lo assim.

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Reciprocidade

Beija-me - afago predestinado -
“cresce e lembra-te desse afago”
Criança mordida.
Triste destino.

Come - excreto predestinado –
teu prazer me trará respeito
Vida pedida.
Retribuições esperadas.

Há um circulo grande dentro
Mas o seguimento, separados
Querendo transbordar de reciprocidade
Mas não falo porque você quer
Falo porque você falou, caricias...

Não cheiro velas queimadas
Sou o que respiro e desejo
Respirar fora desse circulo
Onde tudo prende

Mas me solto.

Torto e certo.

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A reciprocidade me corta em mil vidros, e esses vidros cortam. Podem machucar e apenas digo “mecanismos de defesa”.

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Ah!!
...

...

Palavras rolam sobre meu computador, sobre paginas, janelas. Ah invenção moderna, saberei de tudo o que eu puder, poderia me enganar se quisesse, posso desvendar segredos alheios, meu segredos, todos vão saber, você vai saber, pois agora, com a internet viramos deuses, mas deuses bananas, passivos e ativos, mas engraçadamente onipresentes, oniscientes, apenas precisando de um clique, podemos saber... Mas e sentir? Somos atacados e atacamos informações, somos detentores de poderes – conhecimento é poder – mas e o sentir? Quanto mais ganhamos qualidades informativas, perdemos sensibilidades. Sempre foi assim em toda a história, porque a razão é inimiga da emoção e vice versa, mas será que é sempre assim?

Bem, mas não é isso que quero dizer. Vi palavras já tão lindas nesse cenário brilhante, brilhante porque o monitor assim me dá a impressão, e agora, cada dia que passa vejo coisas surpreendentes, lindas. E me alegra principalmente a esperança do sentir, a esperança do falar e se permitir, perceber que podemos tanto, que pode haver ilusões, mas você se permite é lindo, é o viver. Talvez de uma hora pra outra você ache que a ideologia está ultrapassada, talvez você tenha a impressão em não ter sentido nada, mas o que é o sentir se não ser algo do presente? Conclusões são boas, mas é algo do futuro e cá entre nós, só existem conclusões no futuro se houver o sentir no presente.

Então se permita, vida, sinta, ame!


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Chamado

Amado o mundo
Fez-se
Ao mar do mundo

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Leo Magalhães