terça-feira, outubro 28, 2008



Edgar Degas - A Primeira Bailarina


O conto de Madalena

 

Madalena, tão jovem, tão precoce. Vivia ainda sua adolescência de revistas de fofoca e astrologia. Acreditava em tudo isso, era uma moça comum em sua capital, mantinha seus princípios com a ajuda de “frases do dia”. Mas que boa vida? As aventuras de suas bonecas com seus batons coloridos, sempre insinuaram algo além do divertido, do glamour brega de sua idade. Mas Madalena, tão jovem, tão precoce. Vivia um mundo de transformações absurdas e incontroláveis, um dinamismo de informações, ditaduras de comportamento, e moralidades. É difícil Madalena, eu sei. Pois então conto, caro leitor, essa curiosa história.

 

Madalena, tão jovem, tão precoce. Um dia como outro, de não sorte, mas felizmente não rodeando a morte, pois a se debruçar em um computador, mais parecendo uma condor rodeando a sobremesa. Era voraz, janelas abrindo, o gosto de mais, incapacitava o raciocínio verdadeiro, e os sentimentos jaz.

 

Uma janela levava a outra, e clicks insinuavam outras, palavras descobriam outras e como se fossem rasgadas, baldeadas, banalizadas. Um susto!

 

“Meu deus, o que é isso?” aterrorizada. Ela sabe o que poderia ser, mas nunca esperou um confronto direto, assim na cara, como um tapa que a faz acordar. Ela sim, já leu em suas revistas pós-modernas, algo que nada lhe completa, dizendo sobre as tentações carnais, e assim de click em click: imagens reveladas.


Há! Quão nojento, quão humano, mas tão jovem, tão precoce, Madalena se sente estranha na juventude de seus 12 anos. Mas que movimentos? Mas que violência? O caro leitor, por ventura, vai ficar mais embriagado de pós-modernidade e imoralidade, após contar, que Madalena não tinha nem ainda conhecimento de seu fluxo rubro, que lhe transformaria em uma moça, vamos dizer, biologicamente.

Mas Madalena, tão jovem, tão precoce. Aprendeu as questões do toque, que de noite em noite vinha à imagem na cabeça. “Mas para que serve isso?” diz Madalena, nas noites quentes na rede.

 

Primeiramente a rede áspera dançava fiapos salientes, se enroscava. Depois o travesseiro macio, brigava com as pernas torneadas e a ligação com os quadris era um prazer “contor-sente”. Até que as mãos invadiram o próprio corpo, somente ela bastava. Mãos pequenas a brincar com lua rosa e molhada. A sensação sobe as alturas, e a adormece.

 

 No dia seguinte, o escorregadio, e os pingados do líquido enigmático acompanhados do volume de Madalena na rede, chamavam atenção dos familiares, e sua mãe. “Pensava que somente homens ejaculavam em sua puberdade” pensou a mãe aflita e boquiaberta. “Minha filha, você está bem?” diz a mãe em um sussurro de medo. E ainda boquiaberta, mas não esperta, não percebeu um suave movimento, e em seguida um gemido horrendo e forte, mas não era de morte. Um jato grosso esguichado jorrou para todo lado, e na face da mãe pegou em cheio. No meio molhado um gosto amargo, nem frio, nem quente. O riso de Madalena nos dentes.

 

Oh! Madalena, tão jovem, tão precoce. 


P L Magalhães

sábado, outubro 25, 2008

Tempo


Tempo - Salvador Dalí



Tempo

 

Imprima seu relógio

Em seus sentimentos

Tic-tac quebra

                                      Beijos

                No Big

                              Bang

Do vento

                   .



P L Magalhães


Frigidez

Os amantes - Magritte



Tua seriedade te deixa frígida,
na boca seca um tom amargo.
Ofertas de um sopro erótico
confundem-se com as do palhaço.

Mas aos bocados, quê ausência
de mágoa, alegrias, danças vividas?
Que tristeza sua vida sem sol
Que tristeza, você é um pedaço de nó.

P L Magalhães

terça-feira, outubro 21, 2008

Histórias

Houve um homem, um dia, que engolia labaredas de sonhos e que mergulhava em copos profundos de incertezas e emoções mundanas. Era o início, quantas vezes ele não se pegou remoendo detritos, ácidos, soluções que se misturavam com doces nuvens e fábulas comestíveis.

Ele amadurece as incertezas da certeza de viver, e que incertezas adoráveis, pois sabes muito bem que elas fazem parte de seu ser.

E que soluções-canetas que pintam com de violeta, com sangue, o destino imensurável. E assim, a vida rasgada em outras vidas, o pulo para a morte de outras mortes, resultando na queda-renascença das mais feridas.

Renascido todo e sempre, me calo camaleão, reviro-me em fênix ornamentais, imaculadas sentinelas, sempre à cores abertas, não me defino, às vezes retrocedo, fantasio, esboço evoluções e desenvoluções. Para rasgar a vida, pular para morte e dançar renascido.




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Da queda

A amada manda deitar,
para não me preocupar
tomei calmantes.
Mas que inebriante
a vida vista de baixo,

Ela caiu, e eu esperava
uma solução fácil.
Era como cuidar de mim mesmo
mas era outra.

Mandei amada deitar,
mas não precisava de tanto,
ou me precisava?
Procurei calmantes.

Ela caiu, falou
e eu soluçava.
Procurei calmantes
para me achar,

Mas não achava ela,
nunca mais vou achar.


P L Magalhães