Terceiro ato
- Ele caiu no abismo Hjktwq! E agora? – disse a baleia para o bagre.
- Não ele não caiu, ele só está seguindo o curso dele. Deixe-o ir, ele não serve mais. Explica o bagre.
Logo depois da plantação de vaga-lumes, ele se vê em uma cordilheira de sons. Os sons se modificam com a intensidade das emoções. Agora ele ouve pássaros de uma cadeia de bicos largos que incrivelmente fazem um som grave e suave. Andando posterior a plantação ele avista um outro ser, que ele alegremente percebe que é um hipopótamo como ele. Uma hipopótoma. Os sons começaram a ter um ritmo mais acelerado e eufórico.
- Oi – responde desanimadamente a hipopótoma que recusa com os olhos e atitude as mãos esticadas de comprimento do eufórico Hipopótamo.
- Por que estas triste? Seria melhor você sair desse lago. Esse lago te prende. Veja, eu posso pular e voar mesmo com esse peso todo de meu corpo. Venha! Venha dançar.
- Eu não posso. – Fala pra si a hipopótoma.
- O que você falou? Não escutei – Provoca o Hipopótamo.
- Eu não posso!
- Porque não podes?
- Porque eu sou diferente. Eu sou diferente de todos, não vê?
- Mas você está no mundo dos sonhos? Você pode fazer qualquer coisa.
- Não se esse mundo é onde você nasceu. Perceba. Você, com certeza, nasceu no mundo real, e agora, aqui no mundo dos sonhos, você tem liberdade de fazer o que quiser porque as suas regras não são daqui, são de lá. Então as coisas que te aprisionam lá não podem te aprisionar aqui, foi assim que o Sonho quis. Não podemos mudar isso. Agora, eu sou desse mundo. Eu sou do mundo do sonhar e há regras que me aprisionam, talvez diferentes das suas, mas de qualquer modo me aprisionam. Eu mudo cor constantemente e às vezes não acho isso interessante. Eu quero ser normal e livre. É por isso que eu sonho e às vezes quando acordo eu volto pro meu mundo.
- Mas como assim, você sonha no mundo do sonhar? E você vai para onde?
- Ora para onde, vejo que você é bem novato por aqui. Quando eu durmo, quando eu me caio em meio às profundezas do vácuo do meu lago, eu sonho meu sonho no mundo real. E por incrível que pareça eu tenho total liberdade por lá, porque, enfim, como tinha explicado antes, eu sou desse mundo e as regras que me prendem aqui não podem me prender lá.
Os dias foram passando e os dois sentiam algo que não podiam explicar, mesmo não fazendo muitas coisas, eles se completavam. Quando acontecia algum fenômeno no mundo do sonhar que nenhum dos dois tinham vistos, diga-se de passagem todos os dias aconteciam isso, eles postavam-se a indagar-se e tentar explicar aquele fenômeno. E quando um não entendia, o outro entendia e vice-versa.
Mas a hipopótoma, mesmo com a nova companhia, não conseguia se animar e se quer fingir o desanimo. Alias a falta de liberdade perante um hipopótamo dançante é no mínimo sufocante. Ela queria acompanhá-lo em seus tangos e sambas, mas não podia fazer nada. E o Hipopótamo percebia isso, ele dizia “pode dizer para mim o que sentes, eu sou seu amigo. Não exites em mostrar seus sentimentos para mim. Eu sou a cima de tudo seu amigo”. Mas nada adiantava, por mais que ela explicasse, ela ainda estaria naquelas condições.
continuará no quarto ato...
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