sábado, abril 07, 2007

Continuação (parte III)

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Terceiro ato



- Ele caiu no abismo Hjktwq! E agora? – disse a baleia para o bagre.

- Não ele não caiu, ele só está seguindo o curso dele. Deixe-o ir, ele não serve mais. Explica o bagre.

Quando o Hipopótamo pára de cair ele sente arrepios. Ele não se machuca, na verdade ele se quer bateu em alguma coisa. Ele simplesmente parou de cair, mas ele não está mais onde andava antes. Ele nunca tinha andando por ali.

Logo depois da plantação de vaga-lumes, ele se vê em uma cordilheira de sons. Os sons se modificam com a intensidade das emoções. Agora ele ouve pássaros de uma cadeia de bicos largos que incrivelmente fazem um som grave e suave. Andando posterior a plantação ele avista um outro ser, que ele alegremente percebe que é um hipopótamo como ele. Uma hipopótoma. Os sons começaram a ter um ritmo mais acelerado e eufórico.


- Hei! Olha. Oi. – Corre o Hipopótamo gritando na tentativa de chamar atenção da hipopótoma que repousava no lago. E continuou: - Olá, nunca tinha visto você por aqui, tudo bem? É um prazer eu sou também um hipopótamo.

- Oi – responde desanimadamente a hipopótoma que recusa com os olhos e atitude as mãos esticadas de comprimento do eufórico Hipopótamo.

- Por que estas triste? Seria melhor você sair desse lago. Esse lago te prende. Veja, eu posso pular e voar mesmo com esse peso todo de meu corpo. Venha! Venha dançar.

- Eu não posso. – Fala pra si a hipopótoma.

- O que você falou? Não escutei – Provoca o Hipopótamo.

- Eu não posso!

- Porque não podes?

- Porque eu sou diferente. Eu sou diferente de todos, não vê?

- Mas você está no mundo dos sonhos? Você pode fazer qualquer coisa.

- Não se esse mundo é onde você nasceu. Perceba. Você, com certeza, nasceu no mundo real, e agora, aqui no mundo dos sonhos, você tem liberdade de fazer o que quiser porque as suas regras não são daqui, são de lá. Então as coisas que te aprisionam lá não podem te aprisionar aqui, foi assim que o Sonho quis. Não podemos mudar isso. Agora, eu sou desse mundo. Eu sou do mundo do sonhar e há regras que me aprisionam, talvez diferentes das suas, mas de qualquer modo me aprisionam. Eu mudo cor constantemente e às vezes não acho isso interessante. Eu quero ser normal e livre. É por isso que eu sonho e às vezes quando acordo eu volto pro meu mundo.

- Mas como assim, você sonha no mundo do sonhar? E você vai para onde?

- Ora para onde, vejo que você é bem novato por aqui. Quando eu durmo, quando eu me caio em meio às profundezas do vácuo do meu lago, eu sonho meu sonho no mundo real. E por incrível que pareça eu tenho total liberdade por lá, porque, enfim, como tinha explicado antes, eu sou desse mundo e as regras que me prendem aqui não podem me prender lá.

E os dois continuaram a conversas por dias, cada um contando suas historias, dando pausas somente para a hipopótoma dormir. E mesmo nessas pequenas pausas o Hipopótamo não conseguia se distanciar do lago, sentia saudades pelas horas que ela passava dormindo.

Os dias foram passando e os dois sentiam algo que não podiam explicar, mesmo não fazendo muitas coisas, eles se completavam. Quando acontecia algum fenômeno no mundo do sonhar que nenhum dos dois tinham vistos, diga-se de passagem todos os dias aconteciam isso, eles postavam-se a indagar-se e tentar explicar aquele fenômeno. E quando um não entendia, o outro entendia e vice-versa.

Mas a hipopótoma, mesmo com a nova companhia, não conseguia se animar e se quer fingir o desanimo. Alias a falta de liberdade perante um hipopótamo dançante é no mínimo sufocante. Ela queria acompanhá-lo em seus tangos e sambas, mas não podia fazer nada. E o Hipopótamo percebia isso, ele dizia “pode dizer para mim o que sentes, eu sou seu amigo. Não exites em mostrar seus sentimentos para mim. Eu sou a cima de tudo seu amigo”. Mas nada adiantava, por mais que ela explicasse, ela ainda estaria naquelas condições.



continuará no quarto ato...

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